Ambiente de trabalho tóxico: como os 4 F’s podem ajudar
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Ambiente de trabalho tóxico: como os 4 F’s podem ajudar

Data da publicação: 23/02/2023
Por Thiago Sant'Anna da Silva

Imagine todos os dias ter que trabalhar se preocupando com cada palavra, cada ação, cada gesto, porque tudo pode se tornar motivo para alguma crítica pesada. Isso é, claramente, um ambiente de trabalho tóxico.

Suponha que todos os dias você veja seus colegas se queixando, evitando dar opiniões ou mesmo fugindo de responsabilidades. Imagine ter medo em cada interação com um chefe, por sentir que, caso não calcule cada passo, sua trajetória na empresa poderá estar comprometida.

Como sair dessa situação?

O que é um ambiente de trabalho tóxico?

Possivelmente, você pode não apenas imaginar, mas também relembrar. Ambientes de trabalho tóxicos ainda são comuns, comprometendo a qualidade de vida de muitas pessoas e suas famílias. Sim, suas famílias, pois um colaborador neste ambiente sente os prejuízos em sua saúde mental mesmo fora do horário comercial.

A deterioração das relações interpessoais é o primeiro sintoma de intoxicação social. Mas esta é uma doença que evolui. Um ambiente tóxico é contexto ideal para a evolução de chagas mais graves: racismo, assédio sexual, misoginia, burnout, abuso de poder. De forma consciente ou não, a pessoa percebe o perigo para si que existe neste cenário.  E, diante do perigo, existem 4 reações humanas naturais. Essa reações são conhecidas como os 4 F’s: Fight, Flight, Freeze, Faint, ou seja, Lutar, Fugir, Congelar, Desfalecer.

O que são os 4 F’s

Nós, humanos, somos animais. Isto significa que, mesmo que nos vejamos a partir de nossas ideias, pensamentos, reflexões e tudo o mais que colocamos sob o etéreo conceito de “Mente”, ainda estamos sujeitos aos nossos processos fisiológicos. Comer, dormir, respirar ou qualquer outra necessidade fisiológica, sempre haverá mensagens do corpo em nossas ações, mesmo naquelas que consideremos puramente mentais. Estas mensagens, pense bem, sempre estão ligadas à sobrevivência.

Diante do perigo percebido (um leão na savana ou uma reunião crucial), o nosso corpo reage: uma descarga elétrica pelos nervos do chamado Sistema Simpático dispara ordens para nossos músculos, vísceras, coração. Um dos mensageiros dessas ordens é chamado de adrenalina, e é por isso que os amantes de esportes radicais e perigosos são chamados de “viciados em adrenalina”.

No começo do século XX, o Dr. Walter Cannon descreveu a reação típica dos animais neste contexto como uma reação de Luta ou Fuga (fight-flight response). De fato, se refletirmos sobre casos de nós mesmos ou amigos em situações ameaçadoras, veremos uma quase totalidade de respostas no sentido de enfrentar o problema (e nem sempre de uma maneira positiva) ou fugir dele (o que às vezes é, sim, uma boa ideia). E um ambiente tóxico é uma usina de situações ameaçadoras.

Posteriormente, outros estudiosos acrescentaram à teoria o fato observado de que existem outras duas reações típicas ao perigo: congelar e “fingir-se de morto”, ou desfalecer (freeze-faint, e assim temos nossos 4 F’s).

Ambiente de trabalho tóxico e o estresse

E dentre todas essas situações e os seus fatos causadores, o estresse se faz presente. Sim, estresse, exatamente aquele de quando pensamos “estou muito estressado!”. Ele é a reação fisiológica natural em situações de perigo percebido (pois esse perigo pode ser real o não), fundamental para nossa sobrevivência.

Na hora certa e pelo tempo certo, o estresse é algo excelente. E é exatamente aqui que um ambiente tóxico se torna um mal terrível: ele gera estresse o tempo todo, com picos ocasionais, sem descanso. Nossos corpos não estão preparados para isso, e, assim, vamos todos adoecendo.

Leia também: O que é “elofensa” e qual a relação dela com o canal de denúncias?

Quanto trabalhamos em um ambiente tóxico, já saímos de casa antecipando que o dia será difícil, e nosso corpo já começa a emitir os sinais fisiológicos de estresse. Além disso, durante o dia, atitudes e situações desagradáveis pioram o quadro, elevando a pressão interna. Este contexto esgarça o tecido das relações entre as pessoas, favorecendo a quebra dos mais básicos princípios da ética. Quando as ações aversivas agudas finalmente emergem, as reações não são mais racionais, e a bomba explode em algum lugar.

Como desintoxicar o ambiente de trabalho?

Um ambiente de trabalho tóxico não está, necessariamente, perdido. Os dois pilares principais para o detox corporativo são: 1) a construção da possibilidade de comunicação transparente entre os colaboradores; e o 2) o desenvolvimento de conhecimento sobre temas sensíveis, problemáticos, tabus.

Em suma, é necessário saber e poder falar sobre os comportamentos que estão tornando aquele ambiente tóxico. Em primeiro lugar, compreender a existência de um problema é passo essencial que se faz por meio da comunicação. Um ambiente tóxico pode ser causado por determinados colaboradores dentro de uma cadeia de comando que, ao todo, não está ciente daquela situação.

Desenvolver recursos para que consultores e analistas comuniquem à liderança mediata (diretoria, gerência) problemas causados por lideranças imediatas (sêniores, coordenadores) é essencial, bem como ampliar a divulgação de canais de denúncia para todos os casos.

Em segundo, a compreensão dos principais problemas causadores do ambiente tóxico pode ser feita por meio de estratégias de difusão de conhecimento. Aqui, além dos treinamentos corporativos (essenciais para o funcionamento dessas iniciativas), também é possível a adoção de materiais de suporte para colaboradores.

O processo de identificação e tratamento de um ambiente tóxico não é uma tarefa simples, pois demanda uma análise aprofundada de causa e consequência, bem como a adoção das estratégias necessárias. Para todos os casos, a Aliant conta com soluções completas para auxiliar seu setor de Compliance, incluindo treinamentos, canal de denúncias e investigações de colaboradores.

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Thiago Sant'Anna da Silva

Thiago Sant'Anna da Silva

Gerente da Aliant. Formado em Psicologia pela UERJ e pós-graduado em Marketing e Mídias Digitais pela FGV, possui mais de 10 anos de experiência em desenvolvimento humano e organizacional, com ênfase em Ética e Integridade.

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