A segurança corporativa é uma preocupação vital para as empresas, já que a falta de segurança contra criminosos, sejam externos ou internos, pode resultar em perdas financeiras e prejudicar a reputação da organização.
Com isso, durante muito tempo, as companhias adotaram um receituário padrão para lidar com essa questão, focando muitas vezes nos aspectos ostensivos da segurança e ignorando as particularidades do seu negócio e o conhecimento disponível que poderia auxiliá-las a serem mais eficazes.
Nesse sentido, a teoria econômica do crime pode ser uma valiosa aliada na criação de medidas preventivas de segurança que estejam alinhadas com as necessidades de um empreendimento.
Por sua vez, para identificar rotineiramente ameaças e melhorar a eficácia das medidas de segurança já implementadas, o uso da inteligência de fontes abertas (OSINT) e outros tipos de inteligência relacionados cumprem igualmente um papel relevante.
Entenda melhor a seguir como esses assuntos se correlacionam no universo da segurança corporativa.
Economia do Crime e a Avaliação de Riscos
O risk assessment é uma ferramenta importante para a segurança corporativa, pois permite identificar os risco envolvidos em determinada operação ou processo e definir as medidas preventivas mais adequadas ao caso concreto.
Uma das etapas do risk assessment é a identificação dos ativos da empresa, ou seja, os elementos que precisam ser protegidos, como informações confidenciais, propriedades intelectuais e equipamentos de alto valor. A partir daí, é possível avaliar os riscos envolvidos em cada ativo e definir as medidas preventivas adequadas.
Por exemplo, uma empresa que trabalha com dados sensíveis pode utilizar o risk assessment para avaliar os riscos de violação de dados e definir medidas preventivas, como o uso de criptografia, a implementação de políticas de segurança de acesso e a realização de treinamentos periódicos em segurança de dados.
O risk assessment também pode ser utilizado para avaliar a segurança de instalações físicas, como fábricas e escritórios, e definir medidas preventivas para evitar invasões, furtos e outros crimes.
Aplicação da teoria econômica do crime
Dito isso, a teoria econômica do crime pode ser aplicada na gestão de segurança corporativa de várias maneiras. De acordo com ela, um criminoso decidirá se vai cometer um crime depois de pesar os benefícios e as desvantagens de fazê-lo. Ou seja, ele avaliará a “oportunidade” do seu crime face aos riscos existentes.
Nesse sentido, as empresas podem utilizar a análise custo-benefício de um criminoso em potencial para determinar o valor de investir em medidas preventivas, como treinamento em segurança, câmeras de vigilância, alarmes e equipes de segurança privada, aumentando assim o “custo” da ação criminosa.
Essa análise considera assim os custos envolvidos na implementação de medidas preventivas em relação aos possíveis benefícios, como a redução de prejuízos causados por crimes que não serão mais cometidos (considerando o aumento do “custo” para o criminoso).
Outra aplicação da teoria econômica do crime é a análise de oportunidades. Essa análise considera os fatores que tornam uma empresa mais vulnerável a crimes, como a presença de funcionários insatisfeitos, acesso a informações sensíveis, falta de treinamento adequado em segurança e sistemas de segurança defasados.
A partir dessa análise, é possível implementar medidas preventivas específicas para reduzir as oportunidades para o crime, como treinamentos direcionados, adoção de recursos tecnológicos atualizados, revisão de políticas de segurança e implementação de uma cultura organizacional na empresa que desenvolva o “senso de dono” entre os colaboradores.
Avaliando os riscos e despesas de implementação de medidas preventivas, junto com o entendimento do cálculo de oportunidade feito potencialmente por um criminoso, essa teoria pode ser aplicada à gestão de segurança corporativa, gerando assim ótimos resultados.
Porém, por si só, tais medidas podem não ser o bastante a médio e longo prazo na manutenção da segurança, razão pela qual é necessário contar com um ferramental adicional para garantir o seu aprimoramento contínuo.
Veja também: Risco Corporativo: investigação e Diligência contra fraudes
O valor das inteligências investigativas para a Avaliação de Risco
A adoção de técnicas de inteligência pode se mostrar fundamental para o aprimoramento da segurança corporativa, elaborada através de um risk assessment, pois fornecerá as políticas implementadas material novo constante para seu desenvolvimento.
No caso do uso de OSINT (inteligência em fontes abertas), por exemplo, informações constantes em sites, redes sociais e publicações em geral podem ser coletadas e analisadas, revelando assim pontos de relevância sensíveis para a segurança patrimonial, informacional e pessoal da organização.
Os demais tipos de inteligência são igualmente importantes ferramentas para a segurança corporativa. Por exemplo, a FININT (inteligência financeira) pode ser utilizada para monitorar pagamentos e gastos suspeitos da companhia, como também monitorar funcionários em cargos relevantes com estilos de vida incompatíveis com seus rendimentos.
Já a HUMINT (inteligência humana) pode ser utilizada para coletar informações por meio de contatos humanos, como funcionários ou fornecedores, a fim de identificar possíveis riscos e ameaças não registrados em bases de dados e captados por procedimentos internos, como canais de denúncia.
A CYBINT (inteligência cibernética) pode ser utilizada para coletar informações sobre ameaças cibernéticas, como hackers, malware e phishing. Essa inteligência pode ser obtida por meio de monitoramento de redes sociais, análise de logs de sistemas e outras técnicas de coleta de dados digitais.
Finalmente, a GEOINT (inteligência geoespacial) e a IMINT (inteligência de imagens) podem ser utilizadas para monitorar instalações físicas, como fábricas e escritórios, e ativos móveis, como veículos de transportes, por meio de imagens de satélite e outras fontes de imagens, avaliando assim a segurança de determinadas regiões onde há filiais ou subsidiárias.
Segurança do Século XXI: Avaliação de Riscos Contínua
Desta forma, como se observa, a adoção de medidas preventivas mais eficazes pode ser facilitada pela combinação da avaliação de riscos com inteligência de fontes abertas e congêneres para identificar os riscos e ameaças mais pertinentes à organização.
A segurança corporativa é uma questão crucial para as empresas em um mundo conectado com avanços tecnológicos contínuos. As medidas preventivas mais eficazes podem ser determinadas usando a teoria econômica do crime e avaliação de risco, enquanto o uso das inteligências pode ser útil na identificação de novas ameaças potenciais e aprimoramento frequente das medidas de segurança.
Para implementar adequadamente essas medidas e garantir continuamente a segurança de suas operações e informações, é fundamental que as empresas invistam em recursos e profissionais capacitados para esses fins, os quais devem adotar teorias e práticas alinhadas com o melhor disponível na academia e no mercado para o combate ao crime e a fraudes.

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